Primeiro dia útil de 2024, hora de começar a trabalhar pelos objetivos deste ano, exceto para quem está de férias. À essas pessoas, recomendo desligar o máximo possível de forma inteira e quando retornar, fazer isso também de forma inteira 😉
Para quem já vai retomar as atividades, é hora de repassar os objetivos do ano, planejar ações táticas e colocar o plano em ação.
Caso você esteja internamente se perguntando “Gente, já era para eu ter pensado tudo isso? O último semestre de 23 foi uma correria para entregar metas e atender cliente, honestamente não tive nem tempo de pensar no dia seguinte, o que dirá no ano seguinte?”, vou te dizer para não se sentir só, muitas pessoas que lideram negócios não fizeram isso a essa hora ainda e o porquê disso mora em 2 principais motivos:
O primeiro é que contexto e o mercado tem mudado em uma velocidade cada vez maior, deixando a sensação de que falhamos no plano, ou ainda que não adianta muito planejar tanto, já que as coisas vão mudar, ou ainda que não somos capazes (e não somos mesmo) de prever todas essas variáveis. Em geral viver nessa corrida para se adaptar as mudanças vai nos deixando cada vez mais reativos e, por razões obvias, não paramos para refletir em coisas mais abstratas da visão de futuro e acontecimentos que possam mudar os rumos no nosso mercado e do nosso negócio. Mas acredite, é melhor ter um plano para mudar do que não ter nenhum.
O segundo motivo eu deixei para depois, pois será um alento ao seu coração empreendedor: sua empresa e seu trabalho, é a sua arte! Você tem talento e o usa muito bem, por isso, vem tento êxito. Te alivia ver que com sua inspiração e trabalho duro, as coisas têm funcionado. Essa confiança é maravilhosa e inspiradora, tenho certeza que é perceptível para as pessoas da sua equipe e você precisa fazer com que a cultura da sua empresa expresse o quanto esse “jeito de ser” é valorizado. Por outro lado, colocar tudo na conta da inspiração e trabalho duro, pode te colocar no lugar do “sempre fiz assim e deu certo” ou em um lugar menos óbvio e por isso ainda mais perigoso que é o “vou continuar crescendo, apenas escalando o que já estou fazendo”.
Neste momento, espero que esteja se sentindo um pouco melhor e sabendo que não é a única pessoa no mundo que não teve tempo de pensar nos rumos de 2024. Vou propor aqui um exercício para pensar nos próximos 6 meses, já que pensar em 12, pode parecer uma caminhada distante e de muitas mudanças. Comece esse exercício mental, se imaginando andando pelos corredores, ou em seu escritório com clientes e com as pessoas que trabalham contigo. Em 6 meses, como você quer ver sua empresa? Pense em detalhes e números. Qual será o faturamento? Qual problema operacional ou tecnológico você quer ter resolvido ou pelo menos estar no caminho para resolver? Como será após essa resolução? Como serão as instalações, o estoque, agora que as vendas estão aumentando? Como está organizado o pós vendas, agora com mais vendas? Como está organizado o faturamento para que não hajam problemas no fluxo de caixa?
Agora vem a parte mais importante deste exercício: nesta sua visão, observe tudo que sua empresa está fazendo de maneira diferente do que tem feito até agora: Como e quantas são as reuniões? Essas reuniões têm pauta pensada previamente, decisões são tomadas e as pessoas saem com ações pactuadas entre si? Como as principais lideranças do negócio se organizam para tomar decisões e quais dados levam em consideração? As áreas e as pessoas trabalham de maneira interfuncional e complementar? Tem gargalos nos processos? Cada pessoa tem clareza sobre seu papel na empresa e consegue empreender seus melhores talentos na melhor execução do seu papel?
Fazer esse exercício ainda não dará uma visão exata do que fazer, mas, com certeza dará uma visão de quais capacidades e atitudes precisam ser cultivadas a partir de agora e quais comportamentos e valores pessoais precisam ser potencializados para que os números aconteçam.
E falando em números, vamos a parte mais pragmática: as metas. Vou falar aqui de 2 conceitos bastante difundidos. Desde a década de 90, se falava no conceito SMART que explicando bem rapidamente é uma sigla que se dá para as características que uma boa meta precisa ser:
- S (Specific) – específica e ter um recorte, seja de público alvo para uma campanha ou qual mercado vamos explorar;
- M (Measurable) – mensurável, ou seja, que precisamos ter indicadores para saber se estamos no caminho certo;
- A (Achievable) – atingível, apesar de desafiadora;
- R (Relevant) – estar a serviço de algo relevante para o negócio para fazer sentido;
- T (Time based) – ter prazos e a previsão para concluí-las.
Da mesma época do conceito SMART, vem sendo amplamente explorada por muitas empresas do Vale do Silício, mas, que pode perfeitamente ser adotada por qualquer empresa que queira promover uma cultura ágil, é a metodologia dos OKRs – Objectives and Key Results (Objetivos e Resultados Chave). Essa siga OKR organiza um protocolo para priorizar e manter o norte no que realmente importa para que a empresa se mova para onde precisa. Basicamente, neste conceito a liderança cria um objetivo inspirador e norteador que responda à pergunta “O que queremos?”. A partir deste objetivo, estabelecemos métricas descomplicadas que nos respondam a segunda pergunta “Como sabemos se estamos indo em direção ao objetivo?”, os tais “Key Results”. É como se alguém fosse nos dar uma explicação de como chegar a um determinado local e essas métricas nos dissessem que pontos de referências devemos checar no caminho para saber se estamos na direção certa.
Importante lembrar que essas métricas (KR) devem ser específicas e que haja pelo menos um KR que proteja os demais, ou seja, se você tem um KR de produtividade e não quer que a produtividade atropele sua qualidade, precisa pensar também em um indicador que te ajude a monitorar falhas e transformá-las em aprendizados e modificações ágeis ao seu processo. A terceira etapa, enfim, é escrever as iniciativas que precisam acontecer para que se chegue ao objetivo.
Notaram que o “Como” só está vindo depois do “O que”? Não é por acaso. Agora sim, vamos falar dos projetos, contratações, aquisições de tecnologia, plano de marketing e como definir o pipeline de vendas. Dois pontos interessantes preconizados pelos OKRs que gostaria de pontuar e que atribuo à eles a versatilidade e facilidade de implementação é que, as lideranças que o adotam, sãos estimuladas a rever com bastante frequência as iniciativas e KRs, ajudando a manter as coisas nos trilhos e fazendo sentido apesar das mudanças. O segundo ponto é que os objetivos entre as áreas devem ser compartilhados e complementares, de modo que cada área não olhe apenas para o seu quadrado e pense em como suas contribuições estão à serviço do crescimento da empresa.
Observem que as duas metodologias têm fundamentos bem semelhantes, falam de priorizar e manter o foco – e nunca é demais dizer que, se você tem muitas prioridades, na verdade você não tem nenhuma. É uma dura realidade que precisamos aceitar para a nossa própria saúde mental e pela saúde financeira das nossas empresas. E não estou falando de se fechar em uma bolha e ficar fazendo uma única coisa e ignorar tudo que se passa ao redor de nós, isso certamente pode ser um risco para o seu negócio, mas estou falando de escolhas difíceis sobre o que não vamos fazer agora, nos próximos 2, 6, 8 meses, para que possamos concentrar nossa energia, inteligência, dinheiro e algo ainda mais imensurável que é o nosso talento e o talento da nossa equipe, na direção correta.
Como dizia Michael Porter “A essência de estratégia é definir o que não vamos fazer”.
Por fim, algo que sempre digo em conversas com líderes, é que não importa a metodologia que você vá adotar. Se nenhuma delas fizer sentido para você, pense em uma adaptação, se achar que a planilha está complicada e que não dá para comprar um sistema, escreva em um “papel de pão”, mas escreva. Leve em consideração onde sua empresa está, onde quer chegar e o que precisa ser feito para isso, escolhendo as prioridades que vão te levar de forma rápida e sustentável a esses objetivos.
No mais, fica aqui meu desejo de um ano incrível no qual você possa aprender, ensinar, impactar pessoas, fazer com que sua empresa seja um lugar inspirador para onde as pessoas queiram ir e que possam se orgulhar do que ajudam a construir e, principalmente, que você possa se fazer feliz e estar em paz durante este processo!